domingo, 19 de dezembro de 2010

Dezembro outra vez!

Eu fico impressionada com a rapidez com que dezembro chega. Um dia estamos comendo ovos de páscoa, no outro já estamos armando a árvore de Natal. Cada ano que passa, esse processo parece mais acelerado. Muita gente que eu conheço sente a mesma coisa, e algumas dessas pessoas têm até explicações, mas eu não acho que nenhuma seja convincente.
Vejamos, as possibilidades...
Teoria número 1 - "O tempo passa rápido porque estamos felizes" - no meu caso não se aplica porque a minha infância foi o tempo mais feliz da minha vida e eu me lembro que, naquela época, o Natal demorava uma era para chegar.
Teoria número 2 - "Temos muito mais coisas para fazer e os dias parecem menores" - também não aceito, porque quanto eu tinha 19 anos eu fazia duas faculdades, dava aulas de inglês e namorava. Nunca tive tanta coisa para fazer, no entanto, os meses eram bem marcados e o Natal demorava pelo menos o tempo da poeira juntar nos enfeites encaixotados.
Teoria 3 - "Com a idade, nos acostumamos às coisas e elas deixam de ser percebidas alterando a nossa percepção do tempo" - essa é científica, mas eu não acho que me acostumei tanto assim com a minha vidinha sempre, a ponto de não "ver" o tempo passar.
Há outras teorias, fiquem à vontade para deixar a sua nos comentários, mas a verdade é que parece que reprogramaram todos os relógios enquanto estávamos dormindo, e afinal, um minuto não tem mais 60 segundos e, um segundo, agora tem só 8 décimos... essa minha teoria é meio conspiratória, mas a julgar pelos anúncios na tevê, oferecendo promoções de Natal, quando ontem mesmo ofereciam presentes para as mães, ela é bem provável.
Não acreditam? Então tá. Bom carnaval para todos!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Feliz Dia dos Finados

Novembro começa com esse feriado, no dia 2. Alguns chamam de "Dia de Todos os Santos" outros simplesmente de "Dia dos Finados", acho a segunda opção mais democrática, já que estende a "homenagem" aos nem tão santos assim. Mas, quando criança, sempre me perguntei porque será que os mortos precisariam de um dia para eles. Afinal, morreram, e certamente não precisam mais de coisa nenhuma.
Hoje eu analiso que talvez esse dia não seja, na verdade, para os mortos. É um dia, isso sim, para os vivos. Um dia para os vivos lembrarem dos que se foram, e sobretudo, lembrarem que também irão, algum dia. É uma data de reflexão, não sobre a morte, mas sobre a vida como coisa finita, de duração indeterminada.
Quem não se limite a levar flores aos túmulos de parentes e amigos nos cemitérios, acender velas e chorar, pode sair desse feriado um pouco melhor. Mais consciente de sua condição perecível, mais acordado para a urgência do tempo.
Ninguém quer morrer sem ter amado o bastante, sem ter rido bastante, sem ter visto tudo o que há de interessante à sua volta. Ninguém quer morrer sem ter dado ou recebido o perdão redentor, o abraço confortante, o beijo apaixonado. Então é tempo de correr. Ninguém sabe o dia de amanhã, já dizia a avó da minha avó. Procure aí, e ache alguém vivo que mereça uma visita, um telefonema ou um sorriso hoje. Antes que seja tarde. Feliz Dia dos Finados!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Não esquenta a cabeça

Sempre que ouço falar de otimismo, logo me vem à mente a imagem do meu marido, Juan. Nunca conheci e acho que está para nascer alguém mais otimista e confiante que ele. As frases que não saem dos seus lábios são "tudo vai dar certo" e "não esquenta a cabeça".
Bateu com o carro sem seguro? "Não esquenta, a gente dá um jeito".
Não sobrou dinheiro para as compras? "Não esquenta a cabeça, a gente come qualquer coisa". Enfim, não tem problema pelo qual valha a pena preocupar-se, nem situação que não vá acabar bem.
Viver com alguém assim é maravilhoso. Dá segurança, a gente se sente apoiada, como se por um toque de mágica, os problemas fossem reduzidos a coisinhas insignificantes, sem poder de abalar a nossa tranquilidade.
Um dia cheguei em casa e disse: "Juan pedi demissão do jornal". Falei com voz vacilante, porque a notícia significava que nosso orçamento ia sofrer uma redução de de 60%. Aí ele me perguntou: "Era o que você queria fazer?" e eu: "Era." e ele: "Então não esquenta a cabeça, vai dar tudo certo". Assim, sem discussão, sem cobrança, sem "o que será de nós?" ou "o que você fazer agora?". Só apoio, amor e otimismo, muito otimismo.
Para cada apreensão eu conto com um "não esquenta" que, longe de ser irresponsável, se traduz em "não se preocupe, as coisas se arranjarão de alguma forma e não importa o quanto você sofreu ou não, então não sofra. Vamos ver o que se pode fazer."
Nesses anos de convivência com o Juan construi uma teoria de que otimismo e confiança atraem coisas boas para nós. Ele diz que tudo vai dar certo e tudo acaba dando certo mesmo. Eu queria ser como ele. Muitas vezes nosso Pai Celestial nos fala, através da Biblia, que devemos crer e confiar e não nos ocuparmos do dia de amanhã. Mas poucos de nós conseguimos, vivemos na angústia do porvir, como se de nós apenas dependessem todos os acontecimentos futuros. Só que as coisas fogem do nosso controle e o futuro imaginado muitas vezes nunca se concretiza. Nesses momentos é que somos testados em nossa resignação.
Se chorar, arrancar os cabelos e perder noites de sono não resolvem coisa alguma, melhor mesmo é não esquentar a cabeça. Esperar, e descobrir como o tempo e a Providência resolvem o caso.
Eu ainda não consegui ser como o Juan. Mas cada dia vou praticando, eu chego lá, eu sinto.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Setembro, mães, aniversários e outras bobagens

Toda fez que chega setembro, para mim chega a estação dos aniversários. Minha mãe faz anos em setembro, minha filha mais velha, também. E, entre familiares e amigos, tenho pelo menos uns 20 parabéns para dar nesse mês.
Setembro é muito ameno, nem quente nem frio, sempre claro e muito agradável, anunciando a entrada da primavera. Em setembro ninguém está correndo para compras daquelas datas comerciais. Não é Dia das Mães (só da minha), não é Dia das Crianças, nada. Tem feriado da Pátria, no qual todos descansamos em berço esplêndido e este ano ainda vai ser prolongado, graças ao enforcamento de uma inocente segunda-feira.
Mas eu dizia que setembro é mês dos aniversários. Dos telefonemas e dos carinhos para amigos e parentes que atravessam mais uma etapa de vida. Eu sempre sinto uma coisa estranha em setembro, porque no começo do mês eu sou uma filha, presenteando a mãe e, no fim do mês, sou uma mãe, presenteando a filha.
É bem fácil agradar mamãe. Primeiro porque ela parece sempre muito feliz que eu simplesmente tenha lembrado do seu aniversário. Depois, porque eu acredito saber o que a faz feliz - flores e agradinhos culinários são de praxe. Também pode ser uma roupa, mas nunca verde, nem muito decotada. Mamãe não tem mistérios. Pelo menos, eu acho. Mas seu aniversário sempre me faz refletir, sobre quantos desses aniversários já passamos juntas e o medo, terrível, de que haja poucos mais para vivermos. O medo de que o mês de setembro possa ser um mês triste no calendário um dia, onde vá faltar um parabéns para dar.
Quando chega o fim do mês, no entanto, minha mais velha faz anos e as coisas são muito diferentes. Todas as certezas desaparecem, porque nunca sei como agradá-la plenamente, já que seus desejos e suas paixões mudam com frequência. O bolinho com a família pode facilmente ser rejeitado por um passeio ao shopping "com a galera", mas se não o providenciamos, ela é que se sentirá rejeitada... enfim jovens são mesmo seres em mutação, imprevisíveis - muitas vezes até para as mães.
Toda vez que é aniversário da minha filha eu me sinto um pouco perdida, não só porque não sei bem o que fazer para homenageá-la, mas principalmente por causa daquela sensação de também a estar perdendo. Onde está aquele bebê a quem eu trouxe ao mundo 18 anos atrás? Onde estão as fraldas, mamadeiras e brinquedos que me decoravam todo o apartamento? Até daquele sorriso com janelinha, do pingo de gente semi-alfabetizado que me afirmava saber "tudo", me dá saudade demais. Vê-la sair de mãos dadas com o namorado, dando um aceno curto para trás, e voltando a rir alto de alguma piada particular, me deixa parada na varanda de nossa casa, sem coragem de voltar aos restos de bolo e refrigerante, no meio dos quais jazem as velas apagadas pelo "meu bebê". Mesmo tendo outra criança agora, ostentando janelinhas lindas entre bochechas rosadas, ainda assim, também queria ter de volta a minha garotinha de setembro...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ainda falta o livro

Estava cutucando meus arquivos, procurando minhas crônicas antigas para escolher o que publicar aqui no blog, quando encontrei um arquivo chamado "livro". Comecei a ler e não lembrava de nada daquilo, era estranho pensar que fui eu mesma que escrevi. Tem dois capítulos, é um romance que eu comecei, numa época que eu acreditava que todo homem tem que plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Deve valer só para homens, porque as mulheres, depois que têm um filho, ficam praticamente impossibilitadas de fazer qualquer coisa que demande tanto tempo e dedicação, a não ser criar o tal filho.
Tanto é assim, que eu mesma parei o meu projeto no segundo capítulo, abandonando personagens simpáticos no meio de uma trama apenas começada. Que pena, até eu queria hoje saber o que ia acontecer com eles... fiquei frustrada. Se desejasse, não poderia continuar a história. Ela estava na minha cabeça apenas, numa cabeça de 28 anos, que não existe mais. Não sei para onde levaria aquelas pessoas que criei, não sei o que a minha ingenuidade de então reservava para seus destinos.
Eu já plantei várias árvores ao longo dos meus mais de 40 anos de vida. eu tive duas filhas lindas. E já escrevi tanto que, se juntasse tudo, daria para montar uns três livros. Grossos. Mas eu nunca escrevi um livro mesmo, com início e fim.
Concluí que ainda não estou pronta para partir desta vida. Não antes de concluir essa etapa obrigatória. Vou esperar as crianças crescerem um pouco mais -- principalmente a caçula -- e tentar de novo. O pior que pode acontecer é que meu livro nunca venha a ser editado, mas isso é outra história, sem a menor importância.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Voltando a me escrever

Quando eu me formei jornalista, havia poucas maneiras de publicar idéias. A internet era algo remoto, de que poucas pessoas já tinham ouvido falar. Trabalhar num jornal ou revista e escrever um livro eram basicamente os modos mais comuns de ser lido. Não nego que esses fatores que me levaram a escolher a profissão.
Leitora desde menina, fã de Carlos Heitor Cony e de outros jornalistas-escritores, deduzi que esse era o caminho para seguir os mestres. Nunca me arrenpendi dessa escolha, nem mesmo quando tive que reescrever várias vezes um texto, recusado por um editor exigente, ou quando mais tarde, já no papel de editora (exigente?) tive que entrar pelas noites de fechamento, engolida por "pescoções" cansativos. Nunca me arrependi, nem quando meus amigos engenheiros e médicos compraram casas de praia ou campo, carros do ano, e eu ainda penava para pagar as contas do mês. Amo escrever.
Nem sempre o que escrevo vale a pena ser lido, talvez muita gente ache chato ou comum, mas o que escrevo, sempre vale a pena ser escrito. Porque me esvazia de angústias, me desafoga de mágoas, me desentoxica de idéias. E às vezes, aos que lêem, distrai, diverte ou faz pensar. Só às vezes. Mas já vale a pena.
Hoje, com os blogs à mão, qualquer um pode ser escritor. Desde que saiba escrever e tenha idéias e um computador ligado na wide.world.web. Aqui estou eu, que ando fora das redações faz um tempo, resgatando o melhor de mim. Quero compartilha-lo, sempre, com vocês.