quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Setembro, mães, aniversários e outras bobagens

Toda fez que chega setembro, para mim chega a estação dos aniversários. Minha mãe faz anos em setembro, minha filha mais velha, também. E, entre familiares e amigos, tenho pelo menos uns 20 parabéns para dar nesse mês.
Setembro é muito ameno, nem quente nem frio, sempre claro e muito agradável, anunciando a entrada da primavera. Em setembro ninguém está correndo para compras daquelas datas comerciais. Não é Dia das Mães (só da minha), não é Dia das Crianças, nada. Tem feriado da Pátria, no qual todos descansamos em berço esplêndido e este ano ainda vai ser prolongado, graças ao enforcamento de uma inocente segunda-feira.
Mas eu dizia que setembro é mês dos aniversários. Dos telefonemas e dos carinhos para amigos e parentes que atravessam mais uma etapa de vida. Eu sempre sinto uma coisa estranha em setembro, porque no começo do mês eu sou uma filha, presenteando a mãe e, no fim do mês, sou uma mãe, presenteando a filha.
É bem fácil agradar mamãe. Primeiro porque ela parece sempre muito feliz que eu simplesmente tenha lembrado do seu aniversário. Depois, porque eu acredito saber o que a faz feliz - flores e agradinhos culinários são de praxe. Também pode ser uma roupa, mas nunca verde, nem muito decotada. Mamãe não tem mistérios. Pelo menos, eu acho. Mas seu aniversário sempre me faz refletir, sobre quantos desses aniversários já passamos juntas e o medo, terrível, de que haja poucos mais para vivermos. O medo de que o mês de setembro possa ser um mês triste no calendário um dia, onde vá faltar um parabéns para dar.
Quando chega o fim do mês, no entanto, minha mais velha faz anos e as coisas são muito diferentes. Todas as certezas desaparecem, porque nunca sei como agradá-la plenamente, já que seus desejos e suas paixões mudam com frequência. O bolinho com a família pode facilmente ser rejeitado por um passeio ao shopping "com a galera", mas se não o providenciamos, ela é que se sentirá rejeitada... enfim jovens são mesmo seres em mutação, imprevisíveis - muitas vezes até para as mães.
Toda vez que é aniversário da minha filha eu me sinto um pouco perdida, não só porque não sei bem o que fazer para homenageá-la, mas principalmente por causa daquela sensação de também a estar perdendo. Onde está aquele bebê a quem eu trouxe ao mundo 18 anos atrás? Onde estão as fraldas, mamadeiras e brinquedos que me decoravam todo o apartamento? Até daquele sorriso com janelinha, do pingo de gente semi-alfabetizado que me afirmava saber "tudo", me dá saudade demais. Vê-la sair de mãos dadas com o namorado, dando um aceno curto para trás, e voltando a rir alto de alguma piada particular, me deixa parada na varanda de nossa casa, sem coragem de voltar aos restos de bolo e refrigerante, no meio dos quais jazem as velas apagadas pelo "meu bebê". Mesmo tendo outra criança agora, ostentando janelinhas lindas entre bochechas rosadas, ainda assim, também queria ter de volta a minha garotinha de setembro...