Inocentes Poesias

Os trens que partem, voltam

De repente, todas as minhas certezas fizeram as malas
E eu fiquei sozinha numa estação vazia,
vendo partir o trem da minha vida.
Naquele momento eu não sabia,
que todos os trens um dia voltam
trazendo novas coisas, 
e coisas antigas
que foram
e voltaram
diferentes.

Vazios

Naqueles dias tristes,
Chorei o que nunca pensei chorar.
Mergulhei numa noite escura
Que nunca alcançava o dia.
Fragmentos de mim flutuaram
Para longe, perderam-se
Hoje eu já não choro,
Aqueles dias passaram,
como me disseram que seria.
Já posso ver a luz do amanhecer,
tingindo levemente as negras nuvens da minha dor...
Aqueles pedacinhos que se foram, porém,
jamais retornaram,
aos vazios que deixaram em mim.

Aniversário é coisa séria

Um aniversário é coisa muito séria.
É uma data que parece sempre sorrir - ironicamente - de nós.
Um aniversário nos joga coisas na cara,
Mostra-nos sem pena nossos melhores planos perdidos,
empoeirados num canto, mortos.

Um aniversário se disfarça de festa,
Invade nosso calendário sem convite,
Obriga-nos a ver que o tempo passou,
Que a vida foge rápida por entre nossos dedos,
Antes que se tenha chance de saber o que ela é.

Um aniversário traz lembranças.
Abre nosso velho baú e começa uma limpeza,
Uma faxina daquelas em que remexemos tudo e,
no final, sem coragem de jogar qualquer coisa fora,
Guardamos tudo de volta .

Encarar velhas lembranças dói.
Um aniversário sabe disso.
E sabe também que é mais cruel quando se está sozinho.
Sozinhos fazemos um aniversário durar demais
Se arrastar por um dia infinito.

Ninguém pense que está livre disso,
Se seus aniversários têm sido diferentes.
Aniversários tem mesmo a mania, por uns tempos,
De se fazer passar por coisa banal.
Mas um aniversário
é coisa
muito
séria.